A Proclamação da República é o maior movimento popular e social por excelência. É dizer que o Estado é do povo e para o povo. Quando o Marechal Deodoro da Fonseca, acompanhado pelo imenso Ruy Barbosa – sim, sempre tem um advogado metido – destituíram a monarquia de Dom Pedro II, o objetivo era a instituição de uma República (res publica, coisa pública em Latim).
República é forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender o interesse geral dos cidadãos.
A pergunta aterradora: a “República” Federativa do Brasil, em 2020, está voltada para atender os interesses dos cidadãos?
Chefes de Estado e Governo com poderes quase absolutos; uma classe de amigos do rei, os Legisladores Intocáveis; Tribunais que se agigantam e extrapolam seus limites, verdadeiros criadores de direito – do seu direito; uma Constituição aplicável somente quando os interesses não conflitam com a “nobreza e o clero” anterior; servidores públicos com supersalários e incontáveis e imorais penduricalhos, cujas remunerações jamais seriam alcançadas na iniciativa privada para o mesmo trabalho; regulação e burocracia interminável que favorece a criação de atalhos – corrupção.
A coisa pública de poucos conforma a pseudo liberdade de muitos. Tudo deve ser “legal” – burocracia até no linguajar! O maior dos valores republicanos é a liberdade. Liberdade de pensar e agir. Liberdade de empreender. Liberdade de não viver os preceitos ditados pelo rei. Liberdade para, inclusive, arcar com as responsabilidades de más escolhas e, junto com isso, aprender.
Aliás, quando o Estado tutela (se mete) tudo, ele retira a responsabilidade do erro, o nosso maior professor, e a percepção das suas consequências.
A nossa professora de jardim da infância já dizia, com muita propriedade: “a nossa liberdade termina quando começa a liberdade do outro.” Portanto, não é um valor absoluto. Mas, ainda assim, o maior dos valores republicanos.
Fica a provocação: vivemos de fato em uma REPÚBLICA?